segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Faltam 3 dias para o Natal. Apenas 3 dias. Acho que este ano passou mais rápido que os outros, tenho a impressão. Já estamos no fim de Dezembro e para mim Dezembro de 2013 ainda é como se fosse o mês passado. Há um mês que as televisões começaram a passar publicidades natalícias, aqueles brinquedos todos que eu ansiava por cada um quando era pequena, ouve-se aquelas músicas tradicionais e as ruas enchem-se de luzes e decorações, Pais Natal em uma ou outra janela. Como toda a criança, eu adorava o Natal. Nada mais tinha tanto encanto para mim como passear pelo Rossio, montar a árvore e a festa de Natal da escola. Aliás, não adorava, eu venerava, ansiava cada dia pelo Natal, porque além de ser uma época tão mágica (a que se junta o Ano Novo) também é o meu aniversário. Eu por mim já sou uma pessoa muito festiva e o facto de fazer anos dava outra magia ao Natal que em si já tinha uma grande importância, Lembro-me de passar horas a cortar revistas, a fazer e refazer cartas ao Pai Natal, a cantar as músicas e a anunciar "faltam x dias para o meu aniversário!" com uma alegria que valia pelo ano inteiro. Cantava as músicas, tinha sempre o meu gorro na cabeça e só pensava naquilo. Apesar de não ser o típico Natal de uma família enorme reunida á mesa, de muita animação e palhaçada, eu levava aquele dia quase como uma religião que todos os que pusessem o pé em casa tinham que respeitar, sempre fui uma pessoa muito tradicional e fazia cumprir as tradições. Provavelmente, devia ser a única criança de Portugal que fazia questão de abrir as prendas á meia-noite, e ninguém naquela casa ousava sequer tocar num embrulho antes disso: acho que só torcia ao nariz ao facto de ter de comer peru e bacalhau, mas os doces compensavam. A festa em minha casa durava (e dura) dois dias, por causa dos meus anos, e para mim era simplesmente incrível, tudo tinha uma magia própria e eu ficava tão feliz só pelo facto de ser dia 25! O tempo foi passando e sinto essa magia e animação cada vez mais como uma ilusão, em que as pessoas são um pouco melhores e bondosas com o próximo (ou tentam) e esforçam uma alegria e amor com pessoas que passaram o ano inteiro a dar facadas atrás das costas, só porque 'hoje a família reúne-se'... comecei a reparar em como as pessoas sabem ser hipócritas, em como sorriem e conversam com aquela tia que odeiam a noite toda mas depois empurram os outros em filas intermináveis nas lojas sem pensar que elas também querem se despachar. O Natal foi perdendo a magia e tal como o Dia dos Namorados, a maioria das pessoas só pensa no que vai dar ás pessoas e não em realmente dar-lhes algo o ano inteiro, nem que seja o respeito por ela. E ao crescer, vou percebendo que o Natal por vezes não passa dum fantoche usado pelo mundo para meter dinheiro nas carteiras e soltar um bocado o peso da consciência de ser egoísta e maldoso o ano inteiro.

Ana Isabel

Sem comentários:

Enviar um comentário