domingo, 23 de novembro de 2014

Querido diário,

     Mais um dia cinzento e chuvoso se passou. Não fiquei em casa como seria de esperar; arranjei coragem para sair e fazer uma daquelas viagens imprevisíveis. Levei comigo apenas o essencial: telemóvel, phones e a minha carteira. Entrei no comboio com destino ao Rossio. Tenho de admitir que a música, a chuva e os lugares vazios, quase me transportaram para um videoclip de uma música excessivamente sentimental. Fiquei sem música de fundo por uns momentos, quando o meu telemóvel se desligou inesperadamente e tive de ligá-lo outra vez (eu devia comprar um novo…), isso permitiu-me ouvir o monólogo de uma senhora de idade que escondia os cabelos brancos com uma coloração mal feita: "Este tempo faz com que a gente fique triste. Uma pessoa para além das dores, hã? Ainda leva com esta chuva. Sinceramente...". Com a primeira parte identifiquei-me completamente. Claro, com a parte das dores, não, ainda não cheguei lá.
     Passeei pelas ruas escorregadias de Lisboa e dei um saltinho ao meu café favorito que tem sofás e nomes finos para os cafés. Não, não é o Starbucks. Enfim, nem vou perder tempo a tentar lembrar-me do nome. Vou chamar-lhe "aquele café", pronto. "Aquele café" é apenas o melhor sítio para pensar e ganhar alguma inspiração , por exemplo, para compor mais uma canção. Também é muito acolhedor, o que me faz sempre sentir como se estivesse em casa.
      Regressei mais cedo do que queria, mas não tive alternativa, anoitece demasiado rápido em novembro. O comboio percorreu as linhas férreas num cenário diferente, envolvido pela escuridão e algumas estrelas. Cheguei a casa, tirei as botas e pus a água a aquecer para o meu chá.

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