Querido diário,
Mais
um dia cinzento e chuvoso se passou. Não fiquei em casa como seria de esperar;
arranjei coragem para sair e fazer uma daquelas viagens imprevisíveis. Levei
comigo apenas o essencial: telemóvel, phones e a minha carteira. Entrei no
comboio com destino ao Rossio. Tenho de admitir que a música, a chuva e os
lugares vazios, quase me transportaram para um videoclip de uma
música excessivamente sentimental. Fiquei sem música de fundo por uns momentos, quando o meu telemóvel se desligou inesperadamente e tive de ligá-lo outra vez (eu
devia comprar um novo…), isso permitiu-me ouvir o monólogo de uma senhora de
idade que escondia os cabelos brancos com uma coloração mal feita: "Este tempo
faz com que a gente fique triste. Uma pessoa para além das dores, hã? Ainda leva
com esta chuva. Sinceramente...". Com a primeira parte identifiquei-me completamente.
Claro, com a parte das dores, não, ainda não cheguei lá.
Passeei pelas ruas escorregadias de Lisboa e dei um
saltinho ao meu café favorito que tem sofás e nomes finos para os cafés.
Não, não é o Starbucks. Enfim, nem vou perder tempo a tentar lembrar-me do nome.
Vou chamar-lhe "aquele café", pronto. "Aquele café" é apenas o melhor
sítio para pensar e ganhar alguma inspiração , por exemplo, para compor mais uma
canção. Também é muito acolhedor, o que me faz sempre sentir como se
estivesse em casa.
Regressei mais cedo do que queria, mas não tive
alternativa, anoitece demasiado rápido em novembro. O comboio percorreu as linhas férreas num cenário diferente, envolvido pela escuridão e algumas
estrelas. Cheguei a casa, tirei as botas e pus a água a aquecer para o meu chá.
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